COMO ENTENDER ARTE MODERNA ?


Você adora visitar exposiçōes de arte moderna, mas não conhece muito sobre o assunto? Muitas vezes se sente confuso com o que vê nas paredes de museus e galerias? Vou dar uma dica preciosa: procure ler um pouco antes de visitar uma exibição. Ah - você diz - mas isso eu sempre faço: sempre dou uma 'googlada' no artista e leio o básico sobre ele. Ah, respondo eu, isso não basta. Dica prática: para entender melhor sobre arte moderna tem que conhecer alguns conceitos básicos : não apenas um pouco da biografia do artista, mas também o contexto social e histórico no qual determinado movimento (Impressionismo, Surrealismo etc) surgiu e os elementos que os pintores utilizam na produção da obra - como o uso de cores, linhas, formas e contrastes, por exemplo.

Caramba, mas tem que ler tanto para entender? Ué - você junta seu rico dinheirinho para fazer uma viagem pela Europa, tem a chance de visitar os melhores museus do mundo (aqui na Inglaterra e também na França, Espanha etc), enfrenta filas enormes para conhecer o acervo e as exposiçōes temporárias e vai ver os quadros sem entender muito do que se trata só para poder falar (para si mesmo e para os outros) que viu? 


O que será que eles queriam dizer? Da esquerda, no sentido horário: "Portrait of Man With Glasses III", 1963, de Francis Bacon; "Les Demoiselles d'Avignon", 1907, de Pablo Picasso;
 e "I and The Village", 1911, de Marc Chagall

Minha coleção de livros sobre Arte está crescendo
Entender melhor uma obra de arte faz, é claro, com que a gente aprecie a peça sob novos ângulos. Por exemplo: a gente se depara com uma tela de Marc Chagall, aquelas vacas e igrejas misturadas com pessoas felizes e flutuando e pensa: o que será exatamente isso? Lendo sobre o contexto a gente entende que Chagall recém chegado e vivendo na movimentada Paris no início do século 20, sofria de saudades de sua Rússia natal - eram sentimentos de felicidade pelo novo e nostalgia pela vida que deixara para trás na cidadezinha rural de onde veio.  Então ele pintava sobre isso: nos seus quadros da época sempre percebemos essa dualidade de sentimentos.

Outro exemplo: lendo sobre a importância e função das cores numa composição, podemos apreciar melhor, por exemplo, as obras luminosas de Paul Klee - cuja exposição na Tate, em Londres, é imperdivel. Mais um exemplo: entender que o homossexualismo era considerado ilegal na Inglaterra até 1967 dá para entender melhor a temática gay de tantas obras do artista contemporâneo David Hockney, que é gay e vivia em Londres no final da década de 50.



Duas dicas de livros que ajudam nesse bê-a-bá  sobre Arte Moderna:   "How To Survive Modern Art ", (Como Sobreviver à Arte Moderna) da britânica Susie Hodge, que explica - numa linguagem acessível - como o público deve se aproximar de uma obra artística moderna. A autora descreve a função de cores, formas e temáticas utilizadas por artistas como Picasso, Chagall e Monet (entre tantos outros) e contextualiza movimentos como Impressionismo, Surrealismo, Abstracionismo ( e todos os outros ismos) explicando a importância dos principais artistas da época. 

Mas se você é do tipo que não gosta mesmo de arte moderna - acha que na verdade nem arte, é tudo uma farsa e fica indignado com os preços astronômicos que atingem algumas obras no mercado -  dou uma segunda dica: o livro "Isso é Arte?", do editor de arte da BBC Will Gompertz. Numa linguagem divertida, o autor (que já foi diretor da Tate), cria pequenas ficçōes para rever 150 anos de história da arte - do Impressionismo à produção atual.

Segundo o jornal O Globo, nunca houve tantas pessoas interessadas em arte. Eu sou uma delas: tenho me dedicado a aprender mais sobre arte moderna recentemente - e tenho adorado ! Uma das vantagens de morar na Inglaterra é poder visitar museus e galerias bárbaras, que estão constantemente organizando exposiçōes memoráveis. Londres é o grande centro cultural do país, é claro, com museus como a Tate e o Victoria & Albert Museum, entre outros. Mas outras cidades - como Oxford (a melhor exibição do Reino Unido no momento acontece lá, no Ashmolean  Museum !) e Liverpool (que abriga uma filial da Tate e a Walker Art Gallery, entre dezenas de outras) - também contam com espaços espetaculares. 

Eu tento aproveitar todas as oportunidades - já escrevi  aqui,  aquiaqui , por exemplo, sobre algumas mostras que visitei. Para aproveitar ainda mais minhas visitas aos museus, comecei a fazer cursos de História da Arte na Universidade de Liverpool: o primeiro foi um sobre Marc Chagall e agora estou no meio de um outro, sobre o artista inglês David Hockney

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